sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Solitário no Outono



Texto de Hans Bethge (1876-1946), sobre os versos chineses de Tchang-Tsi (765? - 830?) 







O Solitário no Outono
 
A névoa azulada de Outono flutua sobre o lago,
cobrindo de geada cada lâmina de relva;
dir-se-ia que um artista espalhou pó de jade
sobre as delicadas florações.
 
O doce perfume das flores desvaneceu-se;
um vento frio curva as suas hastes.
Em breve, as murchas folhas douradas
das flores de lótus, partirão nas águas.

O meu coração está cansado.
A minha pequena lâmpada extinguiu-se com um estalo;
convencendo-me a dormir.
Venho até ti, caro lugar de repouso!
Sim, dá-me descanso, necessito de conforto!
 
Choro muito na minha solidão.
O outono prolonga-se demasiado no meu coração.
Sol do amor, não voltarás tu a brilhar,
e as minhas lágrimas amargas ternamente secar? 



De beleza profunda e sensível, ... maravilhosamente tocante.
Mateus Dossin